O brasileiro é conhecido mundialmente por sua alegria, mas, no quesito sorriso, nem sempre aparece bem no comercial de pasta dental. A cárie é o principal problema de saúde da boca, conforme demonstrou a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (Projeto SBBrasil 2010). Quase 30% das crianças de 18 a 36 meses apresentaram pelo menos um dente decíduo (de leite) com cárie. A proporção chega a quase 60% na faixa de 5 anos. Na dentição permanente, 56% das crianças de 12 anos e cerca de 90% dos adolescentes (15 a 19 anos) tiveram ao menos um dente com cárie. Mas no Dia Nacional de Saúde Bucal e também em homenagem aos dentistas, há motivos para comemorar.
De acordo com a pesquisa, foram verificadas melhoras em relação a 2003. Na idade de 12 anos, usada mundialmente para avaliar a situação em crianças, a doença atingia 69% da população em 2003. Essa porcentagem diminuiu para 56% no ano passado. Esse declínio de 13 pontos percentuais corresponde a uma diminuição de 19% na prevalência da enfermidade. O número médio de dentes atacados por cárie também diminuiu nas crianças: eram 2,8 em 2003, caindo para 2,1 em 2010, uma redução de 25%.
Em termos absolutos, e considerando a população brasileira, cerca de 1 milhão e 600 mil dentes permanentes deixaram de ser afetados pela cárie em crianças de 12 anos em todo o país. “Os últimos levantamentos têm apontado uma melhora no quadro de saúde bucal do paciente, tanto em relação à cárie como à doença periodontal. Entretanto, ainda estamos aquém de uma condição de saúde bucal considerada ideal. Em algumas populações, o acesso ao tratamento odontológico ainda é restrito e o número de pacientes edêntulos (sem dentes na boca) é significativo”, afirma a cirurgiã-dentista Fátima Porto, que integra o programa Dentista do Bem.
Para mudar essa realidade, os voluntários do programa tratam da dentição de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos atendidas por creches, organizações não-governamentais e escolas públicas. Com o atendimento, o objetivo é também mudar a percepção da sociedade na questão da saúde bucal e da classe odontológica sobre o impacto socioambiental de sua atividade . “Temos como valor fazer pelo outro o que faríamos pelos nossos filhos , realizar com estética e alegria e ter eficácia e transparência na gestão”, afirma Fátima.
Outro problema que atinge a saúde bucal do brasileiro é a doença gengival (gengivite, que é a inflamação da gengiva), causada principalmente pela placa bacteriana e pelo tártaro. Outros problemas que podem afetar a boca são as lesões ósseas e de mucosa (tecidos moles), bem como o câncer. A saúde bucal é fundamental para o bem estar do indivíduo. Durante muitos anos, o termo era definido como a ausência de doenças na boca. Atualmente, dentro de uma abordagem multidisciplinar, a Organização Munidal de Saúde (OMS) define a saúde como o estado de completo bem-estar físico, mental e social do indivíduo, e não apenas a ausência de doença. “A saúde não é uma condição estável, que uma vez atingida possa ser mantida. É importante que permanentemente sejam tomadas medidas de promoção e proteção à saúde bucal”, afirma Fátima Porto.
A boca é colonizada por diversas bactérias. No entanto, como elas fazem parte da nossa flora normal, sua simples presença não indica alterações. Elas podem representar problemas quando a escovação é deficiente, não é feito uso regular de fio dental, há elevado consumo de sacarose (açúçar) e tabagismo. São fatores que podem alterar o metabolismo das bactérias, predispondo ao início das doenças como cárie, gengivite e periodontite.
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